Wednesday, 03.01.2018

#1 Economia da Atenção, uma ilusão de democracia?

Design, Tecnologia e Política

Existe actualmente uma corrida pela atenção humana, inserida no contexto da sociedade capitalista a que pertencemos, ampliada pela democratização da tecnologia e da acessibilidade à informação. No entanto, a informação que nos chega é filtrada e adaptada aos nossos gostos e interesses pessoais ou daqueles aos quais estamos directamente ligados. Na maioria inconscientes dessa manipulação, as pessoas vêem as suas escolhas restringidas por algoritmos que, em última instância, colocam ameaças claras à democracia, tanto mais quanto as instituições conseguem influenciar os dados existentes. Pretende-se analisar a extensão dessas restrições e o seu impacto na prática democrática.



Introdução

Desde 6 de agosto de 1991, data em que a equipa de engenheiros liderada por Tim Berners-Lee lançou aquele que viria a ser o primeiro exemplo tangível do potencial da Internet [1], foram colocados no ar 1,309,207,800 websites [2], nos quais 3.58 biliões de utilizadores participam, justificando o reconhecimento da sociedade moderna como uma economia da atenção cada vez mais complexa e refinada.
Este artigo pretende analisar as configurações da economia da atenção e os parâmetros por ela definidos, explorando a circularidade com que se desenrola a dinâmica pessoa-design-máquina e a opacidade com que se apresenta, enfatizando o carácter persuasivo que o design adquire dentro das regras de um sistema capitalista cuja moeda de troca é a atenção humana, e as consequências político-sociais que advêm de tal atuação.




A construção de um novo paradigma
1. Economia da Atenção
Construiu-se desta forma uma economia da atenção onde uma superabundância de informação faz com que se observe a escassez do seu principal recurso: a atenção do receptor, que está no centro de uma corrida desenfreada pela sua conquista (Rose, 2015: 50), no fundo, o seu tempo útil.
Para que esta conquista se efetive é imperativo que se apele à necessidade que o utilizador tem de consumir aquela informação e, como refere Herbert Simon (1971: 40), a necessidade de uma alocação eficiente da informação. Estão aqui subentendidos dois pontos fulcrais que definem a atuação dos agentes desta economia: a necessidade de adaptar e segmentar conteúdos, por um lado, e a necessidade de os tornar suficientemente persuasivos para que as pessoas lhes ofereçam o seu tempo, por outro.
A pertinência da economia da atenção está em quem detém o acesso à informação sobre os utilizadores e que seja capaz de traçar os perfis que os definem e que vão mapear os seus movimentos e decisões online. Redes sociais como o Facebook e outros gigantes da tecnologia como a Google têm, não sem uma controvérsia generalizada, acesso privilegiado a detalhes que lhes permitem responder às necessidades desta economia pós-industrial (Siddiqui, 2017).


2. Pós-estruturalização, redes sociais e alienação na base de uma web hiper-motivacional
Desde o aparecimento do Facebook em 2004 assistiu-se a um incremento de 293% no número total de utilizadores da Web, até chegarmos aos atuais 3.58 biliões. Atualmente, desse número, 68,7%[3] são também utilizadores das redes sociais, onde passam cerca de 2:30h[4] por dia, consumindo e criando conteúdo (Statista, 2017). De facto, um dos grandes fascínios das redes sociais é a sua auto-proclamação, onde o conteúdo gerado e consumido pelos próprios utilizadores — mas não só — é um recurso-chave, principalmente pela visibilidade que atribui aos arquitetos dessa(s) rede(s) sobre cada um dos seus membros, garantindo-lhes uma proximidade sem precedentes àquilo por que a economia da atenção tanto anseia: as motivações do comportamento humano, as suas vontades e necessidades, colocadas voluntariamente online para observação e indispensáveis para a segmentação de conteúdo.
A partilha nas redes sociais mimetiza a necessidade humana de pertença, aceitação e visibilidade, numa sociedade pós-estruturalista, que existe simultaneamente no real e no virtual e no espaço intermédio onde as duas realidades se confundem. A pertença a essa qualquer rede, que permite a edição de uma existência sempre imperfeita, reitera a produção do utilizador de si próprio enquanto elemento da realidade dos outros e da sua mesma; a busca pela credibilização dessa existência imaterial causa uma gratificação que apenas pode ser encontrada na ideia do produto concebido e revisitado. Por detrás desta ideia, resta o isolamento das multidões solitárias, que refere Guy Debord, onde o espectáculo se produz a ele próprio e é em si próprio o seu único propósito, numa fabricação concreta da alienação (Debord, 2012: 18).
A ideia da partilha dessa representação da realidade está imbuída de um entorpecimento latente que, de certa forma orienta as multidões para a partilha em busca de sensações, capazes de colmatar pequenos vazios no dia-a-dia, em momentos específicos, configurando esse ato não como significativo mas superficial e vazio. Essa configuração estende-se a tantas outras micro-interacções, cuja concepção inicial seria de aproximar pessoas mas que, na velocidade reflexa de atos impensados, causa distanciamento e desconhecimento, porque não promove a conversa e a real interacção entre as várias entidades distintas (Turkle, 2012).

3. Design Persuasivo na Economia da Atenção
Como em qualquer tipo de interacção social, é natural que também da interação virtual emerjam determinados tipos de comportamento e a exposição voluntária dos utilizadores do Facebook faz com que constituem o público perfeito para análises comportamentais mais aprofundadas, que permitem determinar, por exemplo, momentos de vulnerabilidade entre os jovens, identificando a ocasião perfeita para receberem estímulos que os levem a ter comportamentos específicos (Levin, 2017); ou mesmo controlar o feed de informação de modo determinar as emoções dos seus utilizadores (Booth, 2014). Discussões sobre a eticidade das análises e da privacidade dos seus utilizadores à parte, a utilização destas redes pode mesmo causar estados de depressão e ansiedade, promovendo o isolamento mencionado acima, e indo contra o propósito primordial da sua criação e da utilização da Internet.
Esta informação individual e colectiva alimenta a construção de algoritmos cada vez mais elegantes, capazes de segmentar e orientar o conteúdo apresentado, de modo a maximizar o tempo que o utilizador passa em determinada página, consoante o seu perfil de utilização ou, determinar o seu comportamento deliberadamente mas de forma mais subtil, como através de uma simples ordenação de conteúdo do feed.
A criação deste filtro, que dita aquilo que alguém irá ou não ver, é necessária no sentido em que optimiza o acesso a informação relevante para o utilizador — seria de facto inoperante navegar por toda a extensão de informação existente online. Mas cria-se, paralelamente, uma barreira ou, pelos termos de Eli Pariser (2011), uma bolha. A chamada filter bubble que, ao apresentar sempre conteúdo semelhante ou de alguma maneira correspondente ao perfil de um determinado tipo de utilizador, cria pontos de vista polarizados, sem contacto com informação diversificada— uma espécie de trincheiras de informação.
Esta questão é tanto mais grave quanto se percebe o funcionamento por detrás dos padrões de design persuasivo — ou captologia, termo mais utilizado quando relacionado com tecnologia —, que se baseiam em teorias comportamentais e procuram guiar o comportamento humano para promover o seu engagement ou causar alguma acção concreta. Apoiados nas necessidades básicas do ser humano por apreciação, reconhecimento ou atenção, referidas por Maslow (1954: 35), estes padrões tornaram-se a base de negócio de tantas empresas que dominam a cena tecnológica a partir da Califórnia.
Tristan Harris, o ex-Googler que se tornou crítico de tecnologia com preocupações éticas relacionadas com design de produto, salienta que um pequeno número de pessoas em Silicon Valley, consegue influenciar os pensamentos e acções de cerca de 1 bilião de pessoas, que permanecem inconscientes sobre esse facto (Harris, 2017; Metz 2017) . É a invisibilidade e a promoção de comportamentos aditivos que faz com que as pessoas façam inadvertidamente parte constituinte deste sistema e são também essas características que fazem com que se torne tão difícil sair dele.
Desde o autoplay do YouTube[5] (e Facebook, e Netflix, e Instagram, etc.), os posts de títulos ultrajantes no Facebook, o 11o like do Instagram[6] ou os Snapstreaks[7] do Snapchat, todas estas features são formadas por técnicas persuasivas minuciosamente pensadas e testadas para moldar condutas e, em última instância, determinar comportamentos (viciantes).
Um dos exemplos mais generalizados de comportamentos viciantes na nossa relação com a tecnologia será eventualmente o movimento pull to refresh (fig. 1), desenhado pela designer Loren Brichter que, sem qualquer intenção de viciar os seus utilizadores (Lewis, 2017), emulou a acção das slot machines, popularizadas nos casinos.
A análise levada a cabo por Natasha Dow Schull (2013: 9) sobre o design viciante destas máquinas reflecte o isolamento a que permite levar os seus jogadores que, não tendo ilusões de ganhar muito dinheiro naquele jogo, referem a vontade de entrar no estado de entorpecimento, eles jogaram por aquilo que alguns chamam “the zone” — um estado de transe e absorção capaz de suspender as pressões e ansiedades do dia-a-dia[8]. Incrivelmente adequado e transponível é ainda o termo que a indústria dos jogos de azar utiliza para definir um tipo de jogo que não é tanto sobre o risco associado, mas mais sobre manter um flow hipnótico de acção, especialmente lucrativo para os casinos: tempo no dispositivo[9].
Assim, o tempo dispendido na máquina é o tempo da atenção hipnótica total, onde o ecrã consome cada uma das eyeballs do seu recipiente, analogia que, reportada novamente à economia da atenção, encontra paralelo não só na hipnose referida mas na fuga que ela representa, transformando o humano num autómato sem autonomia.
De facto, os utilizadores da economia da atenção encontram-se perante a configuração de um universo distópico, onde as suas escolhas poderão eventualmente ter sido guiadas por outros e não uma ação da sua vontade própria.

4. Digital media, influência e a ilusão de democracia
As preocupações sociais e políticas que este facto acarreta não podem ser ignoradas e, à medida que se começa a tornar mais evidente o papel das empresas tecnológicas como attention brokers, é inevitável a presença de um discurso cada vez mais consistente sobre a responsabilização dos agentes desta economia, a existência de uma conduta ética sobre a produção tecnológica e a estruturação organizacional capaz de a regulamentar (Wu, 2017).
Se os utilizadores, perdidos na sua fuga inadvertida por caminhos de informação paralelos, vêm reduzida a capacidade de comunicar e de entender o outro pelo afastamento de pontos em comum, justificado pela necessidade de qualquer feed continuar a mostrar resultados sempre mais ultrajantes e extremistas — não vá o utilizador deixar de partilhar ou fazer like ou clicar — se essa capacidade básica de comunicar se desvanece, então também se perde o acto de escutar e dialogar, que constituem a base de qualquer democracia.
A edição algorítmica da Web mostra-nos aquilo que pensa que queremos ver e não necessariamente aquilo que precisamos de ver. Como sublinha Pariser (2011), o grande desafio destes sistemas algorítmicos é criar um equilíbrio entre as nossas escolhas impulsivas e as nossas escolhas aspiracionais, uma vez que se baseiam em ações individuais, normalmente dominadas pela impulsividade em detrimento de escolhas mais ponderadas. Falta ao código do algoritmo uma certa dose de ética que englobe na sua exposição informação também relevante, desconfortável e desafiante, um filtro que revele as suas opções, capaz de atribuir algum sentido de responsabilidade cívica aos seus consumidores.
Mas a propriedade do algoritmo e a pertença dos dados que absorve e sobre os quais se constrói e desenvolve, quem a detém? Os utilizadores de serviços gratuitos entregam na verdade o seu pagamento através do “aceitar e continuar”[10] que é não é mais do que uma submissão inconsciente, uma entrega ao feed de informação que os consome: a sua atenção, o seu tempo, a sua presença consciente.
A estruturação dissimulada de termos e privacidade que ninguém lê legitimam a sua atuação e representam um verdadeiro desafio institucional, onde se começa a questionar a presença e postura dos grandes atores da cena tecnológica. Enquanto attention brokers, fazem florescer a like economy, inundada de títulos clickbait e notícias falsas. A noção de que um título cheio de ultraje ultrapassa qualquer outro em likes e clicks e atenção dispendida é aproveitada em tempo de campanha eleitoral, numa batalha que tira partido da opacidade do algoritmo para se propagandear (Luckerson, 2017).
A preponderância que esta outraged edition dos feeds que controlam a informação a que as pessoas acedem, nomeadamente nas últimas eleições presidenciais americanas, é ainda hoje discutida (Luckerson, 2016). Será esta uma verdadeira falha no sistema, ou um critério para angariar avaliações de mercado de centenas de biliões de dólares em plataformas como o Facebook?
Da mesma forma, a criação de perfis falsos nas redes sociais tem sido debatida, pelo poder de influência e alcance que revelam. Em 2016 foram descobertas mais de 4500 contas falsas de Twitter (fig. 2), criadas por trolls da Internet russos, que se apresentavam como conservadores americanos, com o propósito de influenciar o resultado das eleições através da construção de personas caricaturadas, lançando discussões tóxicas e pautadas de ódio sobre a política norte-americana, amplificando o alcance das suas palavras a milhares de pessoas que as seguiam (Morgan, 2017).
Estes recentes movimentos sociais ad hoc na Internet, como os white supremacists, Brexiters, ISIS, entre outros, permitem criar uma certa desestabilização que aproxima pessoas com ideologias comuns, incomodadas com o status quo e capacitadas através da tecnologia a expressar as suas opiniões, encontrando assim alguém com quem condividir as suas preocupações, chegando a formar organizações surpreendentemente influentes, com resultados inesperados na cena política internacional. O poder da influência reflete-se aqui pela inflamação destes grupos nas suas acções, legitimados a agir sob a aprovação das suas figuras de adoração principais.
A chegada desta capacidade de influência e manipulação à política de forma tão aguda causa uma preocupação crescentemente generalizada, acabando por mobilizar movimentos de atuação que procuram antecipar e prevenir casos semelhantes. A New Knowledge[11] assume como missão defender o discurso público através da criação de algoritmos capazes de identificar conversas em contexto, contas e notícias falsas e campanhas de propaganda, inspeccionando imagens, linguagem e mapeando comunidades online, procurando de certa forma obter uma Internet mais transparente. A aplicação Read Across the Aisle[12] pretende aproximar pontos de vista entre republicanos e liberais, lembrando ocasionalmente os seus utilizadores de se informar lendo notícias correspondentes ao ponto de vista político contrário ao seu, numa tentativa de criar pontos de encontro necessários ao debate político.

5. Move Fast, Break Things
A consciencialização inerente a este tipo de iniciativas é essencial para de alguma maneira colmatar as falhas da economia da atenção que, pelas métricas pelas quais se guia, cria as condições perfeitas para o isolamento e afastamento dos seus cidadãos, que consentem a existência de um regime orwelliano de autoritarismo vigilante (Tufekci, 2017). A sua promoção, sob o estandarte dos princípios da user experience e da friendliness do interface, fazem questionar não tanto sobre a intenção que move este cenário, mas sobre a sua capacidade estrutural de relacionar os dados que recolhe.
Estaremos realmente a dar aos utilizadores aquilo que querem ver ou a alimentar os seus impulsos mais básicos, que Maslow (1954: 35) identifica e que o design persuasivo tão directamente reconhece, para que continuem submetidos ao espectáculo que constroem? Estaremos a dotar os utilizadores de capacidades que lhes permitem tomar as suas próprias decisões sobre o modo como vivem as suas vidas e como se relacionam com os outros ou a dar-lhes pistas subtis mas psicologicamente fortes sobre o que queremos que eles façam?
O motto sobre o qual se desenvolve a cena tecnológica à qual estamos submetidos construiu o panorama recente desta economia da atenção. Move fast, break things comanda o ambiente scrum e agile do qual todos querem hoje fazer parte. No entanto, esta rapidez de execução, especialmente na era digital, tem um impacto social demasiado forte para ser negligenciado, falhando em incluir nas suas escolhas as aspirações humanas de evolução e superação. É preciso criar estruturas sociais e políticas capazes de absorver esse impacto e calcular as implicações éticas envolvidas, não numa lógica de travar o progresso, mas de perceber o melhor caminho para se chegar a ele e o incorporar.
A promessa palpável de inteligências artificiais enfatiza essa necessidade, pela facilidade com que se poderão confundir com humanos[13], não apenas pelas expressões faciais de emoções mimetizadas, mas principalmente pela interpretação contextualizada de conteúdo e de um poder decisório cujo alcance nos é demasiado complexo para reconhecer, especialmente pelo estado entorpecido que cultivamos diariamente. Para que sistemas complexos como estes sejam implementados de forma a ampliar as nossas escolhas, em vez de as reduzir e restringir em torno de objectivos a médio prazo, é imperativa a construção de uma consciência pessoal e de um autoconhecimento profundo, que nos devolva a nossa humanidade na sua plenitude. No entanto, a impaciência de se chegar a resultados rápidos, inerente à máxima de Silicon Valley, não permite essa reflexão e não oferece espaço a esse debate, que requer uma participação activa de todos. As consequências distópicas deste panorama são-nos apresentadas sob a forma de intervenções culturais como a produção televisiva de Adam Curtis — All Watched Over by Machines of Loving Grace (fig.3), que parecem demasiado longínquas para se materializarem, mas a verdade é que os seus embriões estão presentes e antecipam o Inevitável Mundo Novo.



Conclusão


A economia da atenção em que estamos actualmente inseridos e que se rege pelas regras de um capitalismo agressivo no meio digital apresenta contornos inesperados, que têm a sua fundação num estudo intensivo das vulnerabilidades humanas que regem as suas motivações.
Para se posicionarem na frente da corrida pela atenção dos utilizadores, os biliões de websites e aplicações existentes no meio digital recorrem a estratégias de design persuasivo que, dissimuladamente guiam as escolhas de biliões de utilizadores, criando as condições necessárias para que as suas ações resultem na finalidade que antevêem.
Para esta manipulação subtilmente retorcida, a simples presença do utilizador na web conta e o mapeamento das suas ações e não-ações no mundo digital alimenta o algoritmo e é suficiente para o enclausurar na filter bubble invisível e confortável — mas não necessariamente vantajosa — que determina o que irá ou não ver, fechando-o num mundo de interesses semelhantes aos seus e favorecendo o desenvolvimento de opiniões extremistas e desequilibradas. A utilização das redes sociais de forma massiva pelos utilizadores tem também um papel relevante para moldar as opiniões e escolhas de cada um, o que se torna mais periclitante perante o poder de influência que as figuras passam a ter pela viralidade de que conseguem dotar a sua imagem e pela rapidez com que se transmite o conteúdo, nesta sociedade do espectáculo.
O isolamento a que nos reporta esta sociedade pós-estrutural e a persuasão inerente a este tipo de economia tende a criar pontos de conflito e a promover a dificuldade de um diálogo social, base dos princípios de uma sociedade democrática. Assim, importa rever a real aplicação da tecnologia e as intenções que guiam a criação de negócios digitais, na sua contenda por facilitar a perceção do mundo pelos utilizadores. A orientação para um design cada vez mais friendly e focado em princípios de usabilidade que define qualquer empresa de Silicon Valley vem colocar em causa os seus propósitos e a sua maneira de operar, onde a rapidez de entrega de resultados supera a sua reflexão e o onde o entusiasmo naif dos seus prossecutores tem vindo a destituir os utilizadores da sua qualidade de cidadãos e agentes ativos.





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